30 de abril de 2018

O barulho que há em mim


Pensei que o barulho tinha terminado e que o silêncio iria finalmente reinar. 
Estava deitada no sofá a saborear o tão desejado dolce far niente quando ouvi a campainha tocar.
Decidi fingir que não tinha ouvido, esperançosa de que o silêncio não fosse mais interrompido.
Acreditei ou tentei acreditar que podia evitar o despertar de mais um barulho em mim.
Estava enganada.
Fechei todas as portas e janelas, escondi-me no meu refúgio e ainda assim o barulho reencontrou-me.
Outra vez, não.
Será que algum dia terá fim?
Quero o rotineiro silêncio, nem que depois tenha de cantar à desgarrada para lhe dar vida, mas quero essa paz em mim.
Quero tranquilidade, de uma vez por todas.
Quero em mim a melodia do silêncio.


*

9 de abril de 2018

A hora certa

Tudo tem a sua hora, mesmo fora de horas.
O momento chega sempre, mesmo quando pensamos que nunca vai chegar. 
Nada tem uma hora certa ou deixa de ser possível por causa da hora.
Se a hora é mais adiantada e já não podemos correr, vamos andando mas sem deixar de acompanhar.
Não temos o poder de controlar o relógio, mas o relógio também não tem o poder de nos controlar.
Nada acontece quando desejamos que aconteça, mas sim quando os ponteiros se alinham em nós.
Cada um tem o seu pequeno relógio - diferente de todos os outros - o que importa é não acertar esse relógio pela hora que não é a nossa.

Sempre fora de horas nos olhos alheios, mas sempre na hora certa no coração que nunca bate no momento errado.

Está na hora de ser quem és e de encontrar na diferença o despertar para a vida.

*

Está também na hora de aos poucos retomar este caminho rumo a mim. 
Obrigada a quem por aqui continuou a passar e a deixar um pouco de si.